A indústria da construção civil sempre foi
considerada a grande vilã do desperdício dentre as atividades econômicas do
país. Profissionais desqualificados, técnicas construtivas ultrapassadas,
materiais sem padronização e de baixa qualidade, falta de tecnologia e,
principalmente, falta de gerenciamento. Felizmente este quadro vem sendo
revertido e muitas construtoras e incorporadoras já estão indo além, adotando
conceitos fundamentais da sustentabilidade. Apesar do Brasil estar engatinhando
neste processo, já existe uma demanda considerável por este tipo de edificação,
já que os benefícios são grandes para todos envolvidos no processo:
proprietários possuem custos operacionais menores e uma melhor qualidade do
ambiente; construtores e incorporadores conseguem um diferencial de vendas,
melhoram a imagem institucional da empresa e conseguem mais liquidez um maior
valor agregado do produto. O meio ambiente ganha com menores impactos, menores
emissões e menores consumos de água, energia e menor geração de resíduos.
Os números da construção civil impressionam. As
edificações são responsáveis por: 70% energia consumida, 12% água doce, 40%
gases estufa e 65% resíduos gerados. No campo energético, os 70% do consumo
mundial de energia são distribuídos, em média, da seguinte forma: 33% na esfera
comercial e 67% na residencial. O consumo de energia de um prédio ao longo de
sua vida útil é muito maior do que o consumo de energia para sua construção
efetiva. Por isso, não basta apenas aperfeiçoar os processos construtivos; é
preciso pensar no funcionamento e operação da edificação. Este processo de
construção de “Prédios Verdes” deve ser iniciado ainda na fase de projeto.
Um projeto baseado nos preceitos da Arquitetura
Bioclimática terá grandes resultados em termos de eficiência energética, já que
grande parte do consumo energético de uma edificação provém de sistemas de
climatização e iluminação. É comum vermos em locais de clima quente, como Rio
de Janeiro, grandes prédios totalmente envidraçados sem nenhum tipo de proteção
solar. O consumo energético do sistema de ar condicionado de uma edificação
destas é algo absurdo, sem contar no desgaste do equipamento que trabalhará em
condições severas.
O importante é permitir a entrada de luz para
iluminação natural dos ambientes e não do sol, que irá aquecê-lo. Esta
recomendação já não serve para locais de clima frio, onde a insolação deve ser
estudada de forma diferente.
Ao longo das obras, além de especificar materiais
que não agridem o meio ambiente ou que têm processo de fabricação com baixas
emissões de carbono, o responsável pelo projeto deverá privilegiar fornecedores
regionais, evitando assim maiores emissões por conta de transportes. O
transporte de usuários também deve ser levado em conta para a definição do
local de implantação da edificação, que deve ser provido de facilidades de
transporte privilegiando o transporte de massa.
Outra questão de importância fundamental para a
sustentabilidade dos Prédios Verdes é a tecnologia. Atualmente os sistemas de
automação são capazes de gerar grande economia tanto em termos energéticos,
como em termos de mão-de-obra, além, é claro, de gerar mais segurança,
praticidade e conforto para os usuários e administradores.
Ítalo Câmara
Professor de Informática
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